Como cheguei aqui.
Como post inicial vou falar um pouco sobre como cheguei aqui, nesse exato momento, nesse ponto da vida onde comecei a escrever. Minha vida na infância foi muito especial. Com uma família muito unida e grande. Minha mãe era solteira e por muitos anos eu achava que meu pai não quis ficar com ela mas depois de anos descobri que não foi assim. Foi um problema entre as famílias tipo do Romeu e Julieta. Primeiro porque eles eram menores de idade(minha mãe 17 e meu pai 15!) e a família do meu pai queria levar ela comigo para o Rio(somos de São Paulo) e ela não queria, então foi isso que aconteceu, a relação não foi pra frente e as famílias quebraram o pau e foi cada um para o seu lado. Ele, meu pai, acabou se afastando. Tenho alguma alguma memória borrada de ter falado com ele ao telefone antes de falecer. Mas essa é outra história. Eu nasci no final dos anos 80 e com mãe solteira, tatuada e jovem um peso muito grande recaiu sobre ela, tendo que começar a trabalhar cedo, sendo cobrada em dobro pela família e sociedade e eu lembro da angústia dela, dos choros e também das vitórias desde então até hoje somos muito companheiros e nos apoiamos em várias fases ao longo do tempo. Desde bem novo fui incentivado a ver filmes, a ouvir todo tipo de música, a desenhar, apreciar arte e ler livros. Esses hábitos eu tenho até hoje mas incluindo o entretenimento em geral(nerd?). Quando eu tinha quase 10 anos ela conheceu o cara que viria a ser meu padrasto e que morava em Belém do Pará. Depois de um ano nos mudamos para lá, uma experiência que mudou a minha vida e visão do mundo para sempre. Conheci muitos lugares do Norte do país, lugares lindos e também lugares muito pobres. Estudei em uma escola de referência em educação ambiental, tive amigos queridos e apesar disso a vontade grande da minha mãe era voltar para a família em São Paulo e assim que meu padrasto conheceu São Paulo e consequentemente a família decidiu voltar para cá com a gente. Na adolescência fui de tudo: grunge, emo, alguma coisa parecida com clubber, me descobri bissexual com 16 anos e me assumi publicamente de cara e por incrível que pareça os mais preconceituosos ou que pelo menos torceram o nariz foi a minha família. O que me afastou deles, ainda mais depois que as minhas maiores referências na vida faleceram, meu bisavô e a minha bisavó.Quase no fim da adolescência eu tinha decidido fazer cinema na Universidad del cine na Argentina com especialização em animação. Eu tinha esse propósito comigo mesmo. Então conheci uma garota, e foi a primeira prova de quão eu era imaturo e desfocado naquela idade, porque se tivesse válido a pena pelo menos… larguei tudo pra ficar com ela em São Paulo sem perspectiva de fazer nada desse tipo. Vou resumir essa parte porque também é outra história pra outro post. Ficamos juntos entre 8 e 9 anos, e foi um ciclo repetitivo de deslealdade, mentiras e cansaço que não deveria ter acontecido. Nesse meio tempo tivemos um casal de filhos que nos aproximava mas a relação estava fadada ao fracasso. Filho não segura relacionamento e se manter nisso a longo prazo pode ser prejudicial. Nos separamos, eu segui em frente e muito bem. O melhor disso tudo e o que sobrou foram os filhos e só. Percebi que desde criança anos eu nunca tinha ficado sozinho, solteiro, com solitude no coração, livre para viver, fazer o que quiser e sem dar satisfação à ninguém. Porque anteriormente da casa da minha mãe eu já me casei. Fiquei anos sem me envolver de forma efetiva com alguém, mas vivendo a vida da melhor forma que podia e queria. Pandemia, pá pá pá… em 2021 conheci minha atual parceira, eu depois de tanto tempo e de auto descoberta eu sabia o que queria viver ou não. Por isso nossa escolha foi viver junto(monogamicamente) enquanto formos felizes. Ela me aceita como sou e eu a amo como ela é, temos muitas coisas em comum, e outras nem tanto. Em 2024 eu achava que nunca mais teria filhos e nos surpreendemos(mentira pq na hora de virar o olhinho e tal) quando veio a nossa filha e trouxe muita coisa boa para todos ao redor. Atualmente estou lidando com um diagnóstico tardio de transtorno bipolar, e tentando descobrir outras coisas que parecem evidentes. O pânico social tem me impedido de fazer coisas consideradas funcionais e eu com apoio da esposa, decidi aprimorar minha arte e melhorar meus traços de tatuagem. Tenho intensão de fazer graduação em psicologia e isso é um projeto. Nesse blog eu vou falar de coisas cotidianas, meu processo de aprendizado em tatuagem(e psicologia também), de coisas que gosto de falar. E eu gosto de falar sobre muitas coisas.